No XXI Forum da Liberdade o tema foi: "Livre Comércio: Ameaça ou Oportunidade?”, e o que mais repercutiu, sem dúvida nenhuma, foi o debate onde se encontraram frente a frente, Ciro Gomes e Rodrigo Constantino. Ciro Gomes, um exemplar da espécie “vermelhóide nordestinus”, e Constantino como representante da ala liberal econômica no país.
Serei sincero com o leitor, não gostei nada da postura de ambos. Ciro Gomes – como era de se esperar – usou de toda retórica política cheia de subterfúgios emocionais, jargões de oratória barata, e táticas de anulação; um verdadeiro discurso político-sofista. Constantino, apesar de ter conseguido, duramente, passar algumas de suas idéias, não conseguiu trazer à tona tudo que podia dizer e argumentar, muito em razão da truculenta e política oratória do “vermelhóide nordestinus”.
A impressão que tive, foi a de que Constantino teria se preparado para um debate de idéias, e quando lá chegou, descobriu que não era bem aquilo que esperava. Ciro Gomes transformou o terreno em uma arena política; em seu próprio terreno ele deslizou com facilidade, manipulando um mediador fraco, e enrolando um adversário que não estando devidamente preparado para aquele tipo de debate que se apresentava diante dos seus olhos, acabou por se tornar presa fácil para a raposa velha do “vermelhóide nordestinus”.
Ciro Gomes, com argumentos fracos mas muito estardalhaço retórico, conseguiu passar a impressão que queria: De um político que anula os argumentos dos opositores, e mantém as câmeras sobre ele. Conversando com um amigo, ele acrescentou alguns detalhes interessantes. Ele me disse que o Constantino, acostumado com debates escritos e nos meios intelectuais, viu apenas esse foco, esquecendo-se de que estava diante de um político que faria de tudo para fazer o “show”. É verdade, Ciro, em termos de oratória política para o povo, conseguiu uma bela vitória para seu curriculum; entretanto, o vazio dos argumentos dele, e o conteúdo demagógico podem ser claramente percebidos por um cidadão de inteligência mediana. Fica claro também que, Ciro Gomes – “O vermelhóide nordestinus” - não estava nem um pouco disposto a deixar ninguém levar o debate para o campo lógico, ele fez de tudo para que o debate caminhasse na direção que ele planejara, ou seja, o “terreiro político” que ele cantaria de galo.
Creio, que somente quem acompanha Constantino e suas idéias, entenderam bem - apesar das interrupções irritantes de Ciro - os princípios básicos e racionais do liberalismo econômico. Mas para um qualquer do povo, a oratória do político nordestino foi o preponderante. A eficiência do “vermelhóide nordestinus” em seus propósitos no debate mostrou que esse tipo de debate é importante, mas deve ser feito com um moderador de pulso, com focos fixos e respeitosos, sem deixar que descambe para um palanque político. Sou totalmente a favor desses embates entre políticos e pensadores de várias áreas, mas creio que o campo deve ser neutro, e os dois devem ter ciência dos limites a serem respeitados, o que, definitivamente, não foi feito neste.
O uso de perguntas constantes para rebater argumentos e não permitir uma resposta completa, foi usado pelo “vermelhóide nordestinus” durante todo o debate. E o Constantino sabia como responder, mas não tinha em mente os detalhes para embasar as respostas, ou não teve tempo para fazer isso. Creio que não tinha, pois em um determinado momento, Ciro questiona sobre onde tirar bilhões em cortes nos gastos públicos, e Constantino, apesar de dizer que o corte poderia ser feito no funcionalismo público e nas doações a ONGs, MST, etc, não deu números concretos que dessem vigor à argumentação. Os números não seriam o principal, mas consumiria alguns neurônios do Ciro. Isso foi dado por ele (Constantino) no seu blog em uma postagem posterior, mas não durante o debate. Ciro, por sua vez, não fez questão alguma de ser coerente com o objeto de debate, extrapolou várias vezes o assunto para transtornar as linhas de debate e usou e abusou de exemplos de sua gestão pública que ele deve dormir repetindo-as.
Senti também, no início do debate, que o Constantino demonstrava ansiedade em transmitir suas idéias, tocando em assuntos diversos, o que de certa forma, criou um alargamento do assunto chave, permitindo que o Ciro pudesse fazer o mesmo, sem contar a ineficiência do moderador em buscar esta restrição do tema.
Foi quase ridícula a forma com que as idéias, coerentes ou não foram postas na mesa. Um empresário de nome Maksoud, tratando de falar o mínimo do mínimo, o óbvio do óbvio, e abarcando complacentemente as idéias de ambos protagonistas, falou sobre sustentabilidade a longo prazo de uma economia em crescimento, mas sinceramente, nem sei por que razão ali esteve, se não conseguiu concatenar suas idéias, e usava um jargão: "Não interessa!". Mas também, depois de tudo que foi dito, até eu precisava de tempo para digerir tudo. O meteorologista, Molion, esteve presente, e dissertou brilhantemente sobre o factóide do aquecimento global. Sei da interação entre fatores ambientais na economia, mas naquele momento, ele estava fora do clima. A intenção do debate interdisciplinar que reuniu um empresário, um economista, um meteorologista e um empresário, foi boa; entretanto, depois que o ambiente se tornou político, já não havia espaço para interdisciplinalidades. Não gostaria de ficar em cima do muro, mas sou forçado a ficar, mas falarei sobre o que penso, em um exercício de “futurologia” (risos), talvez seja um muro com guarita...
Diante de regras programáticas de mercado, que sabemos serem eficientes na prática pelos exemplos que o mundo nos traz, é fácil entendermos porque não se aplicam aqui no país, e ficam só no sonho. O Brasil não faz parte do mundo globalizado. O Brasil é uma China que se abre parcialmente para o mundo, mas diferentemente dela, o Brasil prepara tocaias para o capital externo quando este adentra no recinto. Impostos altos, falta de infraestrutura, instabilidade política que gera uma insegurança política, leis trabalhistas retrógradas, etc. E sempre estamos justificando nossas mazelas com erros alheios. O protecionismo externo é limitado, é pequeno, e existe; no entanto, não pode ser desculpa para um recrudescimento de um nacionalismo econômico. Assim como também não podemos almejar mudanças drásticas rumo a uma economia de mercado e a uma concorrência maior, se tivermos não só um Estado gordo, mas também uma política caduca. E vou mais além, enquanto tivermos um povo que não reconhece o valor de uma economia aberta, e que não seja consciente de que um produto – independentemente de onde ele venha – sendo barato, é o que importa. O povo precisa estar ciente em sua mentalidade coletiva disso. Mas não tenho ilusões, a economia de mercado só é plausível para uma parcela pequena da nossa população, pois a maioria não deseja isso. E a democracia é o governo da maioria.
É o povo retrógrado que gera essa mentalidade coletiva de esquerda, e, conseqüentemente, um governo, e governantes que atendem a essa demanda popular. A culpa é do povo, e é inútil mudar as coisas por meio de debates e falatório. O status quo vigente, é a soma de um escravismo duradouro; um complexo de colônia persistente; um positivismo e nacionalismo que exacerbaram o ego nacional; o socialismo sindical, e, por fim, o politicamente correto impregnado. Creio que só poderemos mudar essa realidade vigente, por meio de uma revolução semipacífica das classes superiores intelectualmente e financeiramente. Quando estas se voltarem para o centro do poder, de tal maneira, que possa coagir as políticas econômicas dos governos na direção da abertura e conscientização popular. Essa última se dará não só por meio de educação (pois isso demoraria anos), mas vai além dela; deverá ser efetuada por meio dos preços baixos promovidos pela livre concorrência; o acesso a produtos das mais variadas estirpes; melhoria da qualidade dos bens, enfim, dos cativantes resultados do mercado aberto: Dinheiro no bolso e sorriso no rosto. O povo é uma bandeira ao vento, mudam os ventos, e ele muda junto. Mudemos os ventos de cima para baixo e teremos o povo adotando a economia de mercado como o povo americano adotou quando sentiu os benefícios indubitáveis do mesmo.
Não esperem nossa educação mudar, não esperem o governo de esquerda fazer isso, ou a mídia... Somente o engajamento dos intelectuais de centro-direita e liberais econômicos na política, poderá fazer as coisas acontecerem. Mesmo porque, a política é a força motriz das mudanças, a sociedade brasileira e suas associações civis quase não têm poder, e quando têm, são de esquerda. O povo continua a preferir a esmola imediata, e não o sacrifício para uma melhoria em médio prazo com a adoção da economia aberta e livre concorrência. Não estamos falando de alguns europeus, nem de norte-americanos, falamos de um povo que tem em sua composição uma maioria de ex-escravos, ex-colonizados, que mantém e propagam sua mentalidade de submissão, hoje, particularmente direcionada para o paternalismo. Salvam-se poucos imigrantes europeus, e esses são empreendedores e esclarecidos, e são também minorias, que aos poucos vêm sendo assimilados pela maioria da mentalidade estúpida da coletividade brasileira. Respeito quem vive na ilusão de alguma coisa mudar da forma como idealizam e agem alguns pensadores, mas não vejo futuro nisso além do “ad eternum jus esperniandi”.
Vide da íntegra o debate:
1- http://www.youtube.com/watch?v=xxnn-lPglz4&feature=related
2- http://www.youtube.com/watch?v=Ip0TfDps9cs&feature=related
3- http://www.youtube.com/watch?v=KXwHCgHIDRY&feature=related
4- http://www.youtube.com/watch?v=TenDKINyAFo&feature=related
5- http://www.youtube.com/watch?v=xrhGBHcPmrE
6- http://www.youtube.com/watch?v=t2SP6CY-X2Y1
7- http://www.youtube.com/watch?v=C5queYLlYNM&NR=1