Quando se fala em Pinochet, muitas suspeitas e até repudio se ouvem. São inevitáveis se tomarmos, exclusivamente, o plano político, onde a repressão aos opositores era intensa e violenta. Não obstante isso, devemos levar a conhecimento público a realidade econômica que se estabeleceu no Chile após a ascensão de Pinochet.
Em 1973 Pinochet ascende ao poder através de um bem sucedido golpe militar. A razão do mesmo estava na pessoa do comunista Salvador Allende, que havia ganho as eleições de 1970, com 36,2 % dos votos, não alcançando maioria absoluta, mas pela pulverização dos votos entre partidos das várias correntes ideológicas, ele termina por ser confirmado presidente pelo congresso chileno. Como não poderia deixar de fazer, Allende iniciaria nos três anos seguintes um programa de socialização da economia chilena. Baseada em nacionalizações forçadas de setores econômicos, reforma agrária compulsória, aumento do número de servidores para gerar emprego, e outras medidas retrógradas do mesmo naipe. Essa política acabou por gerar aumento de impostos; desemprego; um Estado inchado onde os gastos públicos cresceram exorbitantemente; uma inflação galopante, e o descontentamento de vários setores da sociedade chilena. Com isso, definitivamente, as portas estavam abertas para uma reação de igual ou maior força. Necessária, em sua gravidade, para conter o ímpeto vermelho que se instaurava no país.
Com a queda de Allende, Pinochet vislumbra o poder. Era o fim do regime democrata, pois a partir de então, Pinochet seria o principal ícone político nos próximos quase dezoito anos de política chilena. Mas mais do que isso, herda um Chile mortificado economicamente; desorganizado, e em plena crise de instabilidade política e social. Utilizando-se das forças armadas e do apoio do governo norte-americano, Pinochet se estabilizou no poder, instaurou a balas a ordem social, reorganizou a estrutura estatal, podendo, a partir de então, reorganizar a eonomia chilena que estava em frangalhos. Inicia um audacioso projeto de reestruturação econômica do Chile. Contrata jovens economistas neo-liberais da escola de Chicago, e inicia seu audacioso projeto econômico.
Entre as principais medidas efetuadas durante o seu regime estavam:
1- Permição para o ingresso de capitais estrangeiros no país.
2- Fim da inflação que durante o governo Allende levou o país a alcançar índices acime de 340 %.
3- Redução na ordem de 20 % os gastos públicos.
4- Emagrecimento da máquina pública com a demissão de 30 % dos funcionários públicos.
5- Eliminação dos sistemas de empréstimo e programas de moradia.
6- Fim da previdência pública. Existindo apenas previdência privada.
7- Aumento das divisas e reservas externas.
Essas medidas causaram uma queda econômica vertiginosa no Chile. Era parte do plano, assim como os médicos induzem ao estado de coma um paciente para impedir pioras e para fazê-lo ressurgir melhor, Pinochet fazia o mesmo com a economia chilena, dava um choque para provocar um renascimento punjante. Como disse Milton Friedman, o guru do neo-liberalismo da escola de Chicago, em uma conversa frente-a-frente com Pinochet, explicando-lhe como viria a ser o tratamento econômico que seria dado ao Chile:
“La segunda era darle al paciente un tratamiento de choque (shock), para revitalizarlo, pero con efectos inmediatos muy graves”.
Nessa primeira fase do projeto econômico, o desemprego alcançou 16 %, as exportações caíram 40 %, e o PIB em 12 %. Mas eram sintomas que limpavam o “sangue ruim” da economia chilena, pois quatro anos depois a economia chilena iniciaria seu milagre econômico. O “boom” chileno iniciou, o país crescia a 7,5 % por ano, muito acima da maior parte dos países do mundo na época, e esse índice de crescimento perduraria até 1981.
A década de 80 reservaria para o mundo, um castigo econômico. Era a crise mundial que teve seus reflexos no Chile. No entanto, devemos culpar o próprio governo Pinochet pela crise interna. O governo Pinochet abandonara a política econômica original, aumentara gastos públicos e o funcionalismo; reverteu parcialmente o processo de privatização e outras medidas que influiram gravemente na crise econômica que se instalaria no Chile. Foram anos duros para o mundo, e o governo Pinochet se sustentava por meio de um recrudescimento da repressão. Ia aos trancos e barrancos, porém, os índices econômicos já alcançados estavam prestes a voltar.
No fim da década de 80, Pinochet que havia adotado a política econômica baseada no economista Keynes, retoma a política econômica da escola de Chicago. Com Hernán Büchi como ministro da fazenda a partir de de 1985, são implantadas as reformas econômicas que deram largada para o segundo milagre econômico do Chile. Com ele, o Chile revitaliza a sua força econômica, e sua posição de destaque na econômia latina-americana. Entre as medidas tomadas para esse resurgimento econômico, estão:
1- Redução dos gastos do setor público.
2- Fim dos benefícios sociais.
3- Redução drástica de impostos.
4- Privatizações.
5- Desvalorização da moeda para favorecer as exportações.
Durante um dos discursos de posse, Hernán Büchi disse:
“La política económica es necesaria para orientar correctamente el esfuerzo de ahorro e inversión. La experiencia nos ha enseñado la importancia de una adecuada regulación de las variables macroeconómicas, ya que sin ella el mercado se desorienta y los ahorros se malgastan o fluyen al exterior, en tanto que la inversión se canaliza hacia operaciones improductivas o especulaciones”
Por fim, há de salientar sempre o papel relevante de Pinochet na admissão e aplicação do pensamento econômico do liberalismo econômico no Chile. E o crescimento que houve na década de 90 até a atualidade, se deve muitíssimo a ele. Pinochet criou na mentalidade dos chilenos, em seus 19 anos de governo e mais alguns de influência sobre a política do país, uma visão desenvolvimentista, que soube superar fases terríveis e erros próprios, aprendendo com eles e aprimorando na arte de administrar um povo. Em um próximo artigo, explicarei como muitos camaradas sintomatizam urtigas ao ouvir falar em liberalismo ou liberais, mas poucos entendem realmente do que se trata, e provavelmente não saberão distinguir o liberalismo político, do liberalismo econômico, que são coisas diversas e que logo entrarei numa explicação mais aprofundada. Mas por hora, devo dizer que este artigo visa desnuviar a visão que muitos de nós têm sobre Pinochet, e principalmente, combater a sempre viva ameaça comunista, vista em artigos como o desse hernegúmeno que transcrevo o link abaixo: