
A política italiana é bizarra. Os italianos refletem na política de lá, exatamente como são. Os italianos são agitados, mudam de opinião como quem muda de roupa, ao mesmo tempo em que continuam fiéis a determinados princípios. Um exemplo disso é como um italiano consegue ser fiel religioso da igreja católica, e fiel político do partido comunista. Comparecendo a um congresso do maior partido comunista da Europa no sábado, e no domingo à igreja para comungar.
Eles provaram nas urnas que gostam dessas mudanças radicais, tanto que nos últimos anos elegem nas urnas, ora uma frente de esquerda, ora uma frente de direita. A bola da vez é a já batida figura populista de Berlusconi (aquele mesmo dono de um conglomerado de mídia e do clube de futebol do Milan).
Berlusconi é uma figura bem ao estilo de Chávez, Maluf e Lula, com a diferença que é de direita. É uma espécie de Perón dos italianos, que usa do carisma, do poder midiático, e do apelo conservador para ganhar a simpatia do povo. Sempre fez frente à forte esquerda no país, de forma que o histórico prova isso: Ele sucedeu o primeiro-ministro de esquerda Amato; foi sucedido pelo também de esquerda, Prodi; e agora retoma o cargo.
Não dá para leva-lo muito a sério, ele é um populista com mais estilo do que Lula; e mais grana também (mais de 20 bilhões, diga-se de passagem). Ninguém sabe o que mudará na Itália, mesmo porque, nessa última década, todos prometeram mudanças e nenhum conseguiu. A economia cresce lentamente, o parlamento costuma travar pautas, a imigração cresce também e denúncias de corrupção são frequentes. Talvez, a coalisão de direita formada por ele, e liderada por seu partido (de tendência neo-liberal), consiga implementar as reformas que modernizem a economia italiana. No campo político, a derrota da esquerda foi humilhante e ampla. Mas não acredito que eles fiquem de quatro por muito tempo, se Berlusconi, não conseguir implantar novas mudanças, é quase certo que o povo italiano, seguindo sua tradição, mude tudo de novo e vire o tabuleiro. O certo é que a Máfia continuará agindo (até mesmo institucionalizada), e a Itália continuará sendo o país do catolicismo (quase 100% deles são católicos).
Para finalizar, creio que entre os dois males, Berlusconi apesar do populismo enraizado, e conseguindo efetuar as mudanças que promete, será uma melhor opção que as coalisões de esquerda que reúnem até partidos marxistas ferrenhos. Só vendo para ter certeza...