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Este blog trata de assuntos variados. Destacam-se os temas políticos, ideológicos, morais, sociais, e econômicos.

16 abril 2008

TRAGÉDIA DA VIDA PÚBLICA


Que saco! Uma guriazinha de nome Isabella Nardoni, em todo noticiário que vejo, ela está! Que chatice! Que gente mais prepotente em achar que todo mundo quer ver isso. E olha que ela não é nenhuma atriz-mirim, cantora infantil, ou gênio de Q.I elevado; ela é só mais uma DEFUNTA! Cadáver, que me parece que não enterraram em cova tão profunda. Razão? Não sei, mas acho que não há cova profunda o bastante para impedir a mídia de desenterrar, debulhar, e mais tarde exumar de volta, e “re-exumar” para garantir que pessoas como eu continuem sem saco para suportar tantas delongas.

Já são dezessete dias de falação. Um sujeito que é o pai; uma moça que é a madrasta; uma filha que voou pela janela; duas outras crianças que estavam por lá; e uma mãe que na hora não sei o que fazia, mas agora com certeza, chora. Resumo da ópera: Só mais um caso de morte entre seres humanos normais. É a natureza humana. Acontece todo dia:

"namorado de menina de 14 anos atira no atual namorado dela, anda pelo telhado de madrugada e rouba o cachorro da família"

"bairro barra alegre: homossexual bate em mulher de namorado, e leva tiro da namorada da mulher do namorado. O pai do primeiro homossexual, entra na briga e perde a carteira, volta à cena do crime e leva um coro dos visinhos"


Mas o povo gosta! :D... Gosta demais da conta... Desde que os gregos inventaram a tragédia como representação das tragédias reais e verdadeiras da vida, o homem ama isso. E ainda mais quando se pode acompanhar um drama não encenado, mas em fatos reais, e que em cada ato dessa peça, os telespectadores ficam sentados no sofá da sala e comentando com a mulher ou o marido, as suas conclusões ajuizadas e moralizadas do ocorrido. É um mecanismo de socialização familiar; de prepotência pessoal. Todos sentem parte do drama, e, ao mesmo tempo, acreditam serem juízes. É o poder ilusório às custas dos outros e veiculado pela mídia a um custo baixíssimo.

E não vou esquecer da polícia. Já apareceram uns três delegados, a PF, a guarda municipal, um ou dois juízes, desembargador, um segurança de rua, um guardador de carros, uma centena de policiais de baixa patente, e é claro, os protagonistas. Sempre perseguidos pelas câmeras vorazes, como se fossem artistas. Engraçado é ver que todos eles, com exceção dos protagonistas, vivem procurando uma brecha para aparecerem na tv, como se figurantes de filme, fossem.

Nos noticiários, eles contam toda a introdução da história. Falam de tudo desde o início da trama, como se algum compatriota não soubesse dos atos anteriores. São reconstruções (reloads), animações, esquemas; tudo para o telespectador possa sugar ou absorver tudo daquela tragédia humana. E depois desse histórico, eles mostram as “novas”: “um visinho depôs”; “um cachorro que passava na hora latiu duas vezes, mas não se sabe para quem, ou o quê”. É um grande circo! Com um coliseu de quase 200 milhões de pessoas.

Eu só vejo tv por assinatura, de preferência canais estrangeiros. Me atenho apenas a noticiários nacionais, e agora essa... Que hei de fazer agora? Nada! Pego uma boa tragédia de Racine e vou ler. Minha catarse será algumas vezes maior do que a tragédia popular. E quer saber de quem é a culpa? Foda-se a culpa! Diante desse escarcel, deviam arquivar o processo e pagar um bom psiquiatra para todo mundo. O certo é que a mídia é culpada pelo meu mal-estar; por não me deixar opções inteligentes e mais interessantes na tv. E quer saber? Que vá, a mídia, o povo, essa loucura toda, e quem mais quiser, para o inferno!