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Este blog trata de assuntos variados. Destacam-se os temas políticos, ideológicos, morais, sociais, e econômicos.

29 agosto 2008

Meritocracia & Mediocracia: Poder, dinheiro, política e os idealistas


   Muitos criticam veementemente a busca, (que chamam de “insana”), pelo poder e pelo dinheiro. Outros criticam o poder por ele envolver uma política suja. Criticam pelo ponto de vista daqueles que pouco detêm o poder e o recurso pecuniário, ou por serem castrados como eunucos. E é para esses críticos da ânsia humana pelo poder e/ou pelo dinheiro, e enojados da política, que escrevo hoje.

   Desde os tempos mais remotos, quando os homens se associaram em grupos sociais, o poder esteve presente como elemento intrínseco à natureza do humano. A formação de grupos sociais surgiu da constatação de indivíduos isolados de que não era possível sobreviver frente às vicissitudes do mundo de forma disjunta. A associação tornou-se um escudo facilitador na aquisição de alimentos, abrigo, defesa, e reprodução. Nestes grupos, aos poucos, destacaram indivíduos mais capacitados na obtenção desses recursos, e por sua vez, desenvolveram estruturas hierárquicas baseadas na força e capacidade. Estas estruturas hierárquicas criaram uma graduação de poder. O chefe do clã alcançava mais recursos alimentares, abrigo e defendia melhor do que os outros; por esta razão se instaurava em posição de poder. O poder passa a tirá-lo da condição de simples membro de uma coletividade unida por interesses comuns, e o põe em estado de quase autonomia. E aí está a resposta para a questão da busca do poder: a autonomia.

   Na moderna sociedade humana, o animus potere permanece o mesmo. Mudam-se os tempos, o animus ganha novos instrumentos e uma nova roupagem, mas em essência, continua o que era nos tempos mais remotos da humanidade. O homem moderno prossegue, sem pestanejar, na sua busca pelo poder. Vorazmente se lançando sobre o mundo social e natural em busca da autonomia; da liberdade que o livrará das ingerências dos outros indivíduos da coletividade e da suscetibilidade às forças da natureza. É óbvio que essa autonomia não é absoluta, e sim, menor.

   Necessito, antes de continuar a falar de poder, deixar clara minha postura quanto à pecúnia ou dinheiro. Percebo que a busca incessante pelo dinheiro é a procura pelo poder que esse dinheiro oferece. O poder de ser mais autônomo do que os outros. O dinheiro, antes de ser objetivo, é meio. Através de um exemplo abstrato explico: O dinheiro seria como os degraus que levam à ponte do poder, e essa ponte do poder é o caminho elevado que leva à autonomia. Conquista-se dinheiro para se alavancar sobre a plebe, e com poder nas mãos, possa atravessar a distância que separa o homem coletivo, do homem livre, ou mais livre. O dinheiro é, portanto, um meio de alcance do poder. Daí a luta por dinheiro.

   Mas assim como os primeiros chefes tribais descobririam milênios atrás, o homem com capacidade de angariar recursos, pode, por meio do poder adquirido por essa sua capacidade, transferir essa obrigação a outros, e dessa forma, pelo puro poder, se saciar. O que não é um mal por si só.

   O pior está porvir. Em um determinado momento, o que era poder do mérito, da capacidade individual daquele sujeito, transforma-se em puro status. O status, modernamente, pode sobrevir de diversas formas que não são necessariamente meritórias. Não é raro vermos governantes que obtêm poder sem mérito. Eclode um novo ponto: O homem que desejava autonomia em face da coletividade, e usava da capacidade meritória para alcançar esse escopo, passa a desejar garanti-la pelo status não meritório. Configura-se uma sociedade mediocrática, e não meritocrática.

   O poder conquistado pelo mérito deixa de ser o alicerce de uma sociedade baseada na meritocracia, e, com a ascensão de indivíduos sem mérito, nascem instituições e mecanismos sociais que privilegiam o status não meritório. Desabrocha a sociedade dos medíocres: A mediocracia plebéia! Onde qualquer um sem capacidade pode galgar o poder. Vejam, não estou defendendo uma postura contrária ao acesso de todos ao poder; muito pelo contrário, o que defendo é o mérito para o poder.


   A política brasileira reflete muito dessa condição. Vejam o horário eleitoral e isso poderá ser constatado. Uma massa de pessoas incapacitadas aspiram a um cargo público. Querem governá-lo, enquanto as pessoas capacitadas por um nojo ou orgulho idealista, se abstém de participar do que eles chamam de “jogo sujo” da política. De quem é a culpa por vivermos sob uma mediocracia? Entre outros fatores, a culpa recai também sobre os ombros dos indivíduos capacitados que escondem suas cabeças na terra como avestruzes. Abrem seus livros e praguejam contra os impostos e a política enquanto nada prático fazem; falam sobre idealismos de toda estirpe como maritacas, e levantam o queixo quando convidados a entrar no "campo de batalha" na trincheira contrária aos medíocres. Preferem a pena e o livro, e se olvidam comodamente de que se trouxessem a coragem de aliar a pena e o “canhão”, seriam imbatíveis. Dizem não querer sujar as mãos, e que a vida política pode contaminar. Mas digo a todos esses: Se temem tanto serem corrompidos pela sujeira, e se negam a segurar suas vassouras, é visto que não estão tão certos de serem limpos. São tão medíocres quanto os que criticam! Sentem temor por serem suscetíveis à sujeira, porque essa, está guardada por debaixo de algum tapete!

"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam"
Arnold Toybee