Norman Finkelstein, acadêmico americano que professa o judaísmo, foi detido no aeroporto de Tel Aviv em Israel. O motivo? Afirmar reiteradamente que Israel utiliza o holocausto para fins políticos, e por ser um defensor das causas palestinas. Finkelstein é autor de dois livros polêmicos: "A indústria do Holocausto" e "Imagem e realidade do conflito palestino-israelense". O que lhe valeu o título de persona non grata na comunidade judaica. Ele ficou detido durante mais de 24 horas em uma sala de aeroporto. "Não era um bed-and-breakfast (albergue) belga, mas também não era Auschwitz", disse ele de forma irônica.
Eu, socialmente, tenho minhas censuras compradas da sociedade moderna e politicamente correta. Por outro lado, tenho minha falta de noção e enxurrada de pensamentos que extrapola essas barreiras. E vamos a elas:
A maioria dos países possui leis que possibilitam a entrada ou não de uma pessoa, Israel, com certeza, tem as suas. Mas veja, o sujeito é um judeu, e o Estado que ele queria visitar, seja lá qual for o motivo, nasceu do sionismo, doutrina que pregava a criação de um Estado para a nação judaica. É uma grande contradição criar um refúgio para um povo, e proibir a entrada de qualquer um desse mesmo povo. Esse é um ponto. Outro ponto é a censura, o fato de Finkelstein ter idéias políticas diversas das que o Estado de Israel põe em prática hoje, não pode ser razão para sua extradição. À luz dos direitos humanos e das leis que regem as relações entre os países, essa atitude está em completa ilegalidade. Ninguém pode ser recriminado pelas idéias que tem; ninguém pode ser impedido de entrar em um país pelo simples fato de crer que a política israelense não está correta.
A considerar o muro que fôra construído para segregar os palestinos em terras não tão bem reconhecidas (refiro ao território palestino que não está completamente determinado), e a medidas que a União Européia pleiteia para que fique passível de pena pensar e contestar o holocausto; não nos deixa tão surpresos essa barreira ao livre pensamento promovida por Israel e a aceitação dessas circunstâncias pela comunidade internacional. Creio que o direito de pensar deve ser livre, se dizem estar errado um determinado pensamento, refute-o, e não o impeça de ser dito e pensado, afinal, se há erros em um pensamento, também há a possibilidade de ser refutado. Na idade média, muitos surgiram com idéias consideradas erradas, igualmente, em todos os tempos, a história foi revista, e muitas das verdades postas como paradigmas foram derrubadas. Outras foram apenas atacadas, mas sobreviveram mais fortes devido ao poder da verdade, e é essa verdade que deve ser o parâmetro para o crédito ou descrédito de uma idéia, e não a força de uma lei da mordaça. Essas leis que caracterizam pela criminalização do pensar, são as mesmas que prorrogam o estado de contradição e obscuridade da civilização ocidental, a despeito de todo o desenvolvimento tecnológico, ainda mantém.
Sei que são temas que nos remetem a traumas, mas nem mesmo os traumas históricos podem ser usados para justificar todo tipo de medida restritiva. Pensem nisso, mas tomem cuidado quando falarem, talvez o censor do politicamente correto esteja de ouvidos atentos e o queira calar.