
O SOCIALISMO EM MARCHA
Escrito por Rodrigo Constantino
08 de agosto de 2007
"Raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez." (David Hume)Esse artigo não vai falar das declarações assustadoras do presidente Lula sobre "brincar de democracia", ameaçando os opositores, dizendo que ninguém coloca mais gente na rua do que ele (também, com tanta transferência de recurso do bolso dos contribuintes para seus camaradas do MST, CUT e UNE...). Não será sobre o gigantesco aparelhamento da máquina estatal por colegas de partido. Também não irá tratar do fato de os petistas chamarem de "golpista" todos aqueles que relatam fatos ou condenam a corrupção, demonstrando que o autoritarismo está em seu DNA. Tampouco falará sobre a repulsiva amizade dos petistas com o ditador Fidel Castro, culminando num ato absurdo de deportar dois pobres atletas cubanos, tratados como prisioneiros somente por terem saído do país, algo proibido pelo líder admirado (de longe) por nossos "intelectuais" (quando é para deportar terroristas comunistas, essa turma cria infinitos obstáculos). Não será sobre nada disso. O foco será sobre o avanço do governo na economia.Com todos os seus defeitos, parece inegável que a abertura comercial promovida por Collor no começo da década de 1990 foi fundamental para tirar o Brasil do retrocesso acelerado. Está certo que o país ainda é muito fechado, bem mais protecionista que os países desenvolvidos. Mas a pouca abertura realizada foi suficiente para gerar uma revolução de competitividade em nossas empresas. A competição entre produtores, independente da sua nacionalidade, é a maior garantia de um bom produto para os consumidores. A arma que os consumidores possuem é a livre concorrência, não o governo. Quanto menos o governo se intrometer na economia, melhor para os consumidores. Nesse sentido, as privatizações feitas pela necessidade de caixa do governo FHC foram excelentes para o povo brasileiro. Ninguém desejaria o retorno da Telebrás. Observando o resultado das privatizações da CSN, CVRD, Embraer, Telebrás, ferrovias etc. fica evidente que somente fatores ideológicos explicam alguém ainda defender um governo gestor de empresas. Não há lógica alguma nisso. No entanto, é justamente o que o governo Lula vem tentando recriar no país.O governo já demonstrou interesse em ver a Brasil Telecom e a Telemar juntas, formando uma única e grande empresa de controle nacional, sendo que o governo teria influência através de uma golden share. O que importa a nacionalidade dos controladores para os consumidores? Absolutamente nada! O que interessa é a competição livre, justamente o que estaria ameaçado com a idéia do governo de recriar uma espécie de Telebrás. Fora isso, a Petrobrás, maior estatal do país, vem comprando grandes empresas privadas, o que aumenta o controle estatal na economia. Primeiro foi a Agip, depois a Ipiranga, uma grande parte da Brasken e agora a Suzano Petroquímica. As compras feitas pela estatal chegam a cerca de US$ 4 bilhões. Isso representa transferência de controle da iniciativa privada para o setor público, sempre mais ineficiente, corrupto e sujeito às pressões políticas. Enquanto nos Estados Unidos temos dezenas de empresas competindo no setor de petróleo e petroquímica, no Brasil vemos a Petrobrás reduzindo a competição e assumindo um monopólio perigoso, no estilo da PDVSA venezuelana. O governo não está satisfeito. Quer mais! Pelo visto, quer controlar toda a economia, como sempre foi o caso em países socialistas, gerando muita miséria. Se a racionalidade fosse parte do nosso cotidiano, estaria na pauta de discussões a privatização da Petrobrás. Em vez disso, vemos a estatal comprando cada vez mais empresas privadas, estendendo os tentáculos do governo na economia. Está tudo trocado!Na crise aérea vemos o mesmo tipo de mentalidade. Após o presidente Lula afirmar que não sabia da gravidade da crise (ele nunca sabia de nada, e nós não sabemos o que ele faz lá), e seu aliado Marcos Aurélio Garcia comemorar com gestos obscenos a suposta culpa da TAM no acidente, a reação atrasada do governo é aumentar o grau de controle estatal no setor. Em vez de privatizar a Infraero e reduzir a quantidade de agências incompetentes que servem apenas para cabides de emprego, o governo pretende decidir as rotas e até as tarifas no setor. O "planejamento" será feito pelo governo, impedindo as soluções criativas do setor privado, sempre mais atendo às reais demandas do consumidor. Por que não criar a Aerobrás logo? Tenho certeza que muitos no governo gostariam justamente disso. O debate econômico no Brasil é assustadoramente atrasado...Socialismo é quando o governo detém os meios de produção, seja de facto ou de jure. Tivemos socialismo tanto na União Soviética de Stalin como na Alemanha nazista, onde o governo apontava até os diretores das grandes empresas, decidindo quanto seria produzido, quanto seria vendido, para quem e a que preço. Sempre que o governo assumiu este grau de controle sobre os meios de produção, o resultado foi a total miséria do povo. Socialismo significa prateleiras vazias. Infelizmente, muitos brasileiros ainda não acordaram para esta realidade, preferindo defender mais e mais governo atuando na economia. Muitos querem um governo gestor de empresas, algo totalmente sem sentido. Miram no lamentável exemplo da Venezuela, em vez de focar no caso do sucesso americano. É idolatrar muito o fracasso! São esses que permitem esta marcha socialista em curso no Brasil. É realmente uma pena ver o mundo avançando em direção ao capitalismo, reduzindo a intervenção estatal na economia, enquanto no Brasil a palavra "privatização" ainda desperta forte revolta popular. Enquanto esta mentalidade não mudar, não temos a menor chance de sucesso.